LIVRO:
O Computador na Sociedade do Conhecimento.
RESUMO
CAPÍTULO
6: Formação de Professores: Diferentes Abordagens Pedagógicas
José
Armando Valente
Introdução
Segundo
o autor, em relação a informática na educação, já vem acontecendo desde 1983, quando
foram iniciadas as primeiras experiências de uso do computador nessa área.
Ao
longo dos anos, essa formação tem sido baseada em diversas necessidades de
formação de profissionais qualificados, pelas limitações técnicas e
financeiras, pelo nível que os pesquisadores dispõe e pelo interesse desses
pesquisadores em elaborar e estudar metodologias de formação.
A
primeira abordagem, caracterizada como mentorial, utilizada no projeto EDUCOM. A
segunda, caracterizada como a massificação da formação, como aconteceu nos
cursos FORMAR e está acontecendo na capacitação de professores multiplicadores
dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs).
E a
terceira abordagem, é uma formação totalmente presencial, em que, acontece nas
escolas onde os professores atuam.
Abordagem Mentorial
Quando
as propostas para o projeto EDUCOM foram elaboradas em 1983, no Brasil não
existia pesquisadores formados na área de Informática na Educação. Os
pesquisadores que se interessaram em trabalhar nessa área eram de outra áreas
como engenharias, computação ou da área de educação.
Em 1984, o projeto iniciado onde acontecia em
cinco estados do país, tinham como objetivo produzir Programas Educativos por
meio do Computador (PECs), e a implantação da informática na escola pública,
utilizando inúmeras abordagens, com o uso da PECs e Logo. Inicialmente o
objetivo foi a formação de uma equipe interdisciplinar, mais tarde, a formação
de professores de 1°, 2°,3° graus, pós graduação de profissionais das áreas de
informática e de educação, realizado por intermédio, de cursos com duração
variando de 30 a 80 horas. Este centro de pesquisa teve a participação
importante nos cursos FORMAR, sendo responsável pelas disciplinas sobre
produção e avaliação de PECs.
Abordagem FORMAR I e II
O
FORMAR I teve como principal objetivo, a formação de professores para a
implantação dos Centros de Informática na Educação vinculados às Secretarias
Estaduais de Educação (CIEd), e o FORMAR II a implantação do Centros na Escolas
Técnicas Federais (CIET) ou no ensino superior (CIES). A tentativa era a de
disseminar os conhecimentos sobre informática na educação para outros centros
de modo que a pesquisa e as atividades nessa área não ficassem restritas
somente aos cinco centros do EDUCOM. Porém, essa formação pode ser vista como
uma menção para atingir um número grande de profissionais de praticamente todos
os Estados do Brasil, a massificação da informática na educação em diferentes
localidades brasileiras.
Essa
formação foi realizada mediante de cursos de especificação lato sensu, mínimo de 360 horas, abrangendo diversos conteúdos da
área de informática na educação.
O
curso FORMAR I e FORMAR II, apresentaram diversos pontos positivos. Primeiro,
propiciaram a preparação de profissionais da educação que não tinham tido
contato com o computador e os que foram responsáveis pelas atividades nos
Centros de Informática na Educação ou nas respectivas instituições de origem.
Eles tinham como função a disseminação das atividades de informática na
educação e a formação de novos profissionais na área.
No entanto, os cursos apresentaram diversos
pontos negativos. Primeiro, os cursos foram aplicados em local distante do
local de trabalho e de residência dos participantes. Os professores tiveram que
interromper, por dois meses, as atividades docentes e deixar a família.
Entretanto, a razão do descolamento do professor para Campinas, foi o fato de
não existir, no Brasil, um Centro que dispusesse de computadores em número
suficiente para atender aos vinte e cinco professores simultaneamente. Pra que
isso fosse possível, era necessário contar com a colaboração das fábricas Sharp
e Gradiente que produziam os microcomputadores MSX.
Segundo, o curso foi demasiadamente compacto.
Com isso, tentou-se minimizar o custo da manutenção do professor ou
profissional da secretaria no curso e o tempo que ele deveria se afastar do
trabalho e da família. O curso deixou de oferecer o espaço e o tempo necessário
para que os participantes assimilassem os diferentes conteúdos e praticassem
com os alunos as novas ideias apresentadas. Os participantes do curso nunca
tiveram a chance de vivenciar o uso dos conhecimentos e técnicas adquiridas e
orientações recebidas, no ambiente de aprendizado baseado na informática.
Terceiro, muitos desses participantes
voltaram para o seu local de trabalho e não encontraram as condições
necessárias para a implantação da informática na educação. Isso aconteceu tanto
por falta de condições físicas (falta do equipamento), quanto pela falta de
interesse por parte da estrutura educacional. Como os cursos de formação não
oferecem condições para os professores aprenderem a usar o computador com seus
alunos, e ai então esses professores não restam muitas alternativas: eles
acomodam ou abandonam o seu ambiente de trabalho. Resultado: Não alçamos as
mudanças e ainda contribuímos para o fracasso dos cursos de formação de
professores.
Portanto, diante de todos estes obstáculos,
os cursos de formação de professores tinham que ser preparados com relação a
integração da informática e as atividades desenvolvidas em sala de aula, onde
exigem uma nova abordagem, integrando aspectos pedagógicos no qual, contribuam
para que o professor seja capaz de contribuir, em seu local de trabalho, as
condições necessárias para a mudança em relação a atual pratica pedagógica.
A Formação Baseada no Construcionismo
Contextualizado
O
termo Construcionista significa a
construção de conhecimento baseada na realização concreta de uma ação que
produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto), de interesse
pessoal de quem o produz. Contextualizada, no sentido do produto ser vinculado
à realidade da pessoa ou do local onde vai ser produzido e utilizado.
Assim
sendo, um curso de formação de professores tendo em consideração a informática
na educação, baseado na proposta construcionista contextualizada, significa
então um curso embasado pelo uso do computador, realizado na escola onde esses
professores atuam, criando condições para os professores apliquem os conhecimentos
com seus alunos. Isso implica em propiciar condições para o professor agir,
refletir e depurar o seu conhecimento em todas as fases pelas quais ele deverá
passar na implantação computador na sua prática de sala de aula: dominar o
computador, saber como interagir como um aluno, com a classe como um todo,
desenvolver um projeto integrando o computador nos diferentes conteúdos e
trabalhar os aspectos organizacionais da escola para que o projeto possa ser
viabilizado.
Uso de
Redes no Suporte à Formação de Professores
As
redes podem servir para prover material de apoio, bem como permitir o “estar
junto” do professor, auxiliando a vencer as dificuldades no processo de
construção do conhecimento, na realização de tarefas que usam a informática.
Essa abordagem de uso da internet, conforme
sherry (1996), pode ser classificada como “pratica guiada”, na qual o trabalho
do aprendiz é monitorado pelo professor do curso, e o aprendizado baseado no
questionamento e demanda do aprendiz. No Brasil, temos duas experiências que
implementam essa formação via rede: uma realizada pelo Laboratório de estudos
Cognitivos (LEC) da UFRGS, que vem acontecendo desde 1995, e a outra realizada
pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) da UNICAMPI, onde teve
início em 1996.
Experiências do LEC na formação de professores a distância
O
Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, desenvolveu uma metodologia de formação a distância baseada no apoio
continuado à realização de atividades que o professor desenvolve no seu local
de trabalho. A primeira experiência, via Internet, foi o Curso de
Especialização, denominado Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo Aplicada a
Ambientes Informáticos de Aprendizagem, dirigido a vinte educadores
responsáveis pelo Programa Nacional de Informática Educativa da Costa Rica. O
objetivo foi o de preparar recursos humanos para estabelecer uma metodologia
que implicasse, ela própria, na obtenção de novos modelos de prática pedagógica
(Axt & Fagundes, 1995). Foi planejado um curso de 360 horas que foram cumpridas
ao longo de seis meses, mantendo-se a comunicação via Internet. Os conteúdos
deste curso foram distribuídos em quatro blocos: O Desenvolvimento da
Inteligência: Conceitos e Princípios Fundamentais; A Construção do Conhecimento
e os Mecanismos Cognitivos no Processo de Aprendizagem I; A Construção do
Conhecimento e os Mecanismos Cognitivos no Processo de Aprendizagem II; A Metodologia
de Intervenção Didático pedagógica em Situações de Aprendizagem no Ambiente
Logo e seus Efeitos. A modalidade interativa e interdisciplinar, pela qual o
LEC desenvolveu este trabalho docente, até agora pensada sempre como sendo
restrita aos cursos presenciais, constitui-se a principal inovação desse
projeto. Na interação com os participantes do curso, o LEC utilizou o método
clínico Piagetiano de interação e intervenção, adaptado aos ambientes
telemáticos de aprendizagem.
Conclusões
Cabe
à educação formar este profissional. Por mais essa razão, a educação não pode
mais ficar ao conjunto de instruções que o professor transmite a um aluno
passivo, mas deve enfatizar a construção do conhecimento pelo aluno e o
desenvolvimento de novas competências necessárias para sobreviver na sociedade
atual.
A
formação do profissional, para atuar nessa sociedade, implica em entender a aprendizagem
como uma maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento
dos conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas
ideias e valores.